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Dias de Prosa: 26/07/2014
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Sábado, 26 de julho de 2014. O defeito da esquerda. Quem deixou a porta aberta? Esqueceram de desligar o gás. Confirmou por engano. Assinou sem ler. Dormiu quase o tempo todo. Pensou que estivesse pronto. Perdeu o sono, o ônibus e as contas. Dizem que ficou louco. Feito Sartre, um viajante sem bilhete. Atravessou a vida por engano e guardou tão bem os traços do destino para não perder que esqueceu onde, em qual gaveta, uma pasta qualquer cheia de outros manuais velhos e pouco instrutivos. Essa frase comb...
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Dias de Prosa: 16/07/2012
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Segunda-feira, 16 de julho de 2012. Para a criatura mais punk do mundo. Resolvi te escrever uma carta, pois estive pensando na nossa última conversa e fiquei muito preocupada. Resolvi escrever porque eu quis mesmo. E já sei das suas críticas para a minha entrada:. Querida amiga". Que porra é essa? Tudo bem. Vamos de novo:. Brincadeira. Não é um manifesto político, juro. Começou com essa sua obsessão súbita por crucifixos. E eu te pergunto: Tentativas inconscientes de espiritualização? Essa arte que culti...
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Dias de Prosa: 22/03/2015
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Domingo, 22 de março de 2015. Claudio Pereira dos Santos permanecia ereto no rio de correnteza leve, totalmente submerso, rígido e endurecido pela morte recente. Uma comunidade de algas verde-escuras de fios longos cobria cada centímetro de seu corpo esguio. As algas dançavam na densidade da água e Claudio continuava imóvel. Um ou outro vizinho tentou chamar-lhe a atenção para saber notícias do desaparecido:. Está no rio, seu Clóvis. Vou buscar aquele desmiolado antes que vire comida de piranha. A marca ...
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Dias de Prosa: Fábula francesa
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Sábado, 29 de março de 2014. Naquela tarde quente em que se encontraram com tanta solenidade, o mundo se transformara todo em músicas de notas simples. Descobriram que todos os afetos podiam ser afáveis e emitiram um pedido de desculpas constrangido a si mesmos pelas agressões veladas que aceitaram em esforços passados de serem politicamente corretos, graves demais ou semelhantes a alguns exemplares afetados da humanidade. Seremos afetuosos, cultos e distraídos. Um convite feito com um fio de voz. Estava...
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Dias de Prosa: 22/01/2014
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Quarta-feira, 22 de janeiro de 2014. Rabiscou uma guria magrela no verso e a viu pedindo desculpas a si mesma. Quem seria essa pobre criatura que o incomodava a esta hora da madrugada? Qual seria seu conflito moral? Que filmes gostaria de ver? Ninguém viria à sua casa a esta hora. É óbvio que estava se escondendo. Mas também não fazia muito sentido se esconder onde se cria. No papel, a gente vira gente. O dono do papel queria seu nome, seu conflito moral e duas ou três preferências. Do resto eu dou conta.
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Dias de Prosa: Subsolo
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Terça-feira, 22 de abril de 2014. A sexta-feira santa começou ensolarada e firme. Trilhas, guia, geologia, cheiro de mato, expectativas e uma fenda despretensiosa pela qual me espremi e mergulhei com meu humilde capacete luminoso. Lá em cima as pessoas continuavam vivendo, alheias ao inseto amigo, à força da água, à escuridão do mundo e à minha orfandade. Na superfície as pessoas existiam alheias à morte que nos acompanha no gotejar subterrâneo. Belíssimo, sensibilíssimo e muitíssimo bem escrito! Que la ...
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Dias de Prosa: 29/05/2012
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Terça-feira, 29 de maio de 2012. Sobre esta nossa vida feita de não-clássicos, onde nunca seremos eruditos. Pós-modernos-neo-contemporâneos". Fissurados em uma prosa qualquer, sem Joyce nem Shakespeare, a ralé intelec. atualmente ébria - maconheiros do amanhã, incapazes de dizer o que lá. Lá lá lá. Quando se respira esta noite? Quanto vinho será necessário para nos tornar menos tímidos ou menos hostis? De certo. E o amor? Alguém importante está falando. Mais importante do que você, certamente. Eruditos n...
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Dias de Prosa: Das não-personas
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Quarta-feira, 22 de janeiro de 2014. Rabiscou uma guria magrela no verso e a viu pedindo desculpas a si mesma. Quem seria essa pobre criatura que o incomodava a esta hora da madrugada? Qual seria seu conflito moral? Que filmes gostaria de ver? Ninguém viria à sua casa a esta hora. É óbvio que estava se escondendo. Mas também não fazia muito sentido se esconder onde se cria. No papel, a gente vira gente. O dono do papel queria seu nome, seu conflito moral e duas ou três preferências. Do resto eu dou conta.
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Dias de Prosa: Espaço público
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Domingo, 9 de setembro de 2012. Importa é para onde vamos; para onde olhamos; olha! Um fantasma sentado no capô do carro; quer maconha; quer ver as luzinhas lá embaixo e levantar as saias das moçoilas distraídas. Não tememos nada porque somos corajosos. Verdadeiramente corajosos. Guerreiros sagrados de merdinha nenhuma. Abraçaram-se e choraram um chorinho coletivo de frio e saudades; do nunca mais voltaremos porque não sabemos como voltar; fugindo dos fantasmas maconheiros que passeiam pe...
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Dias de Prosa: O defeito da esquerda
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Sábado, 26 de julho de 2014. O defeito da esquerda. Quem deixou a porta aberta? Esqueceram de desligar o gás. Confirmou por engano. Assinou sem ler. Dormiu quase o tempo todo. Pensou que estivesse pronto. Perdeu o sono, o ônibus e as contas. Dizem que ficou louco. Feito Sartre, um viajante sem bilhete. Atravessou a vida por engano e guardou tão bem os traços do destino para não perder que esqueceu onde, em qual gaveta, uma pasta qualquer cheia de outros manuais velhos e pouco instrutivos. Essa frase comb...